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Opinião: Julia Armfield — Our Wives Under The Sea

Our wives under the sea é uma longa carta de despedida. Da pessoa que perdemos e da pessoa que éramos antes da perdermos.

É uma exploração. De uma situação impossível e daquilo que realmente sentimos perante algo que nos muda a vida, que nos muda a rotina. É também uma história de entrega, de redenção. No fim, tanto a Leah como a Miri se entregam ao que não pode ser mudado.

Não vos vou aqui falar da sinopse (uma pesquisa de 3 segundos no Google resolve) mas posso dizer-vos que fala de monstros — no fundo do mar e dentro de nós.

É uma história que começa lenta, que, cheia de flashbacks, nos mostra como era a vida pré-monstro. Vamos mergulhando as pontas dos pés nessa história doce, como quem observa um final feliz, mas depois percebemos que a história de Miri e Leah existe para nos levar para outro sítio.

Não é uma história rápida, daquelas que nos faz virar umas páginas umas atrás das outras. É uma história íntima. Como se estivéssemos a ver aquilo que não devíamos. É um livro para ser saboreado. Para ler quando temos tempo para ele.

Julia Armfield usa muito o corpo, os nossos contornos, como veículo de emoções. Por isso, esperem algumas descrições mais cruas (nada demasiado).  A voz de Miri é poética, cheia de uma calma transcendente com uma pitada de inércia (a minha preferida). Já a Leah é mais prática, mais focada nos factos, naquilo que está a acontecer.

Tenho dezenas de frases sublinhadas que gostava de partilhar convosco, mas a minha cópia é uma “uncorrected proof copy”, gentilmente oferecida por uma leitora do Oh no! Books! (obrigada 🥹) e não se pode citar.

Da Julia Armfield já tinha lido o Salt Slow, uma coleção de contos que recomendo para primeiro contacto com a autora. Se gostarem de contos, o Salt Slow é uma boa forma de conhecerem o estilo da autora e perceberem se é algo que gostavam de explorar mais.

⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

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