eerie murmur

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Opinião: Julia Armfield — salt slow

Li salt slow durante uns bons meses. Não porque fosse difícil de ler ou porque não fosse interessante, mas porque o livro é pequeno e eu não estava com vontade de ficar sem ele.

A servir de marcador de páginas, tenho um cartão onde fui apontando tudo o que achava, conto a conto. Não vou partilhar convosco, porque um dos prazeres deste livro é ir descobrindo a forma como Julia Armfield conta as suas histórias — porque não é sempre da mesma forma.

Li este livro como se fosse uma experimentação, como se a autora estive a dizer: “deixa lá ver o que acontece se for por aqui”. E gostava de lhe agradecer por isso. Este é o primeiro livro da autora e, talvez por isso, se note tão bem a diversidade de abordagens. (nem preciso de dizer que já coloquei o 2º livro — Our Wives Under the Sea — na wishlist)

When I was twenty-seven, my Sleep stepped out of me like a passenger from a train carriage, looked around my room for several seconds, then sat down in the chair beside my bed.

São só nove contos, mas 189 páginas pois a maioria dos contos ainda é grandinho.

São histórias com terror, realidades alternativas, coisas que nunca podiam acontecer — ou será que podem? Um terror sem meter medo, mas que nos desconcerta pela semelhança com a realidade. Tem algum body horror, que dispensava, mas nunca é gratuito, nunca é sobre isso.

I shift my head to glance into her compact mirror and scatter a confetti of myself across the floor.

Julia Armfield dá gosto ler. É confusa, inesperada e poética.

Se gostam de histórias arrumadas, muito óbvias e com tudo no sítio — vão ler outra coisa. Se vos apetece explorar — leiam e digam-me o que acharam.

⭐️⭐️⭐️⭐️

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