Uma Questão de Conveniência, de Sayaka Murata, conta-nos a história de Keiko, uma mulher que, desde criança, nunca se soube comportar "em sociedade". Nunca soube como falar, como responder a situações e parece que todas as opções que ela escolhia eram sempre as erradas. Era considerada estranha e causava desconforto em quem tinha de a ver.

Keiko tinha esta noção, mas não sabia o que fazer para encaixar.

Até então, ninguém jamais havia tido a gentileza de me explicar claramente: "Esta é a forma normal de sorrir, este é o modo mais correto de se falar com alguém."

Desde sempre, ela tentou observar as outras pessoas e imitá-las, para que, também ela, pudesse fazer parte da sociedade. Não que a sua forma de ser e estar a incomodasse, mas incomodava os outros, que estavam suficientemente perto para perceber que ela não tinha um comportamento "normal". Portanto, Keiko, desde que ganhou essa consciência, passava a vida a tentar encaixar para deixar a sua família feliz.

"Naquele momento, e pela primeira vez, eu fazia parte da humanidade. Acabo de nascer, pensei. Aquele dia marcou sem dúvida o meu começo como peça de mecanismo do mundo."

Achei a história de Keiko muito interessante, com uma perspectiva diferente do habitual. Tive dificuldades em ligar-me à história e senti-me sempre muito distante, não pela estranheza da situação, mas pela linguagem que me pareceu muito direta e, para o meu gosto, excessivamente simplista (e eu gosto de linguagem simples). Parecia que me estavam a narrar uma história, sabem? Não consegui mergulhar nela.

De qualquer forma, foi uma leitura ok, o livro é bastante pequeno (155 páginas na versão portuguesa) e lê-se muito rapidamente.

⭐️⭐️⭐️

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