Opinião: O Imenso Adeus — Raymond Chandler

Acho que nunca fui fã de policiais. Não que não gostasse, mas nunca me deu para me debruçar sobre eles. Li uns quantos da Agatha Christie (aliás, até foi ela que, finalmente, me ensinou a ouvir audiobooks), mas nunca dei grande atenção ao tema. Sempre pensei “gosto de Agatha Christie”, mas, não sei como, isso nunca escalou para “gosto de policiais” (e, ainda agora, não sei se escalou).

Livro Raymond Chandler O imenso adeus

Depois conheci a Coleção Vampiro da Livros do Brasil, não consegui tirar os olhos das capas e este foi o livro que me estreou nesta coleção.

Hoje, venho-vos falar do livro “O Imenso Adeus” do Raymond Chandler.

Primeiro que tudo, gosto de ler livros que têm sempre a mesma personagem principal. Chamem-me o que quiserem, mas a verdade é que eu gosto de conhecer as personagens, tornar-me amiga delas e saber o que andam a fazer desta vez. É como rever um velho amigo.

É fácil gostar de Philip Marlowe, o detetive criado pelo Raymond Chandler.

Marlowe é um tipo às direitas, se é que me entendem. É justo, não se vende nunca e aceita as consequências dos seus actos. Tem também uma certa descrença na vida, mas vai andando, praticando a bondade. Também é uma personagem de um livro escrito em 1953 e, como seria de esperar, há certas passagens sobre personagens femininas que não perdoaria a um escritor dos nossos tempos. No entanto, tendo em conta a época e o tema (detectives = homens fortes e robustos com paixonetas por mulheres belas), dei um desconto e passei à frente.

Até à vista, amigo. Não lhe direi adeus. Disse-lhe quando tinha algum significado. Quando era triste, desolado e final.

Ao contrário do que esperava, não me deparei com um policial tradicional, a típica história de detetives, cheia de mistérios, pistas e perseguições. Marlowe pareceu-me mais um homem de meia-idade, atormentado e que deixava apenas a vida passar. Também as outras personagens eram mais profundas e mergulhámos mais nas suas vidas do que, por exemplo, num livro de Agatha Christie. 

Se recomendo? Recomendo muito, só tenho é receio que este livro tenha aumentando demasiado as expectativas para os seguintes.

⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️

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