Opinião: James Baldwin — O Quarto de Giovanni
Um murro no estômago, mas dos bons. Acho que podemos começar assim.
Nunca tinha lido nada do autor e acho que escolhi uma boa obra para começar.
O quarto de Giovanni conta-nos a história de um homem que luta para aceitar a sua sexualidade e as consequências que isso tem na sua vida e nas suas relações. Uma busca pela aceitação, da sociedade, mas, principalmente, dele próprio.
Podia ser só assim, mas não é. Baldwin oferece-nos uma história crua, direta, densa. Tão forte que às vezes me apeteceu parar de ler, porque somos omniscientes e conseguimos ver a destruição surgir sem travão.
“Eu decidira não deixar qualquer espaço no Universo para coisas que me pudessem envergonhar ou amedrontar. Fui muito bem-sucedido nisso — graças a não olhar para o Universo, a não olhar para mim próprio, e a manter-me, na verdade, sempre em movimento.”
É uma história de dinâmicas nas relações, de como nos comportamos, de como influenciamos, de como somos influenciados e do impacto que isso tem no desenrolar da nossa vida. É uma história que nos mostra o que acontece quando temos medo de amar, medo de ser. A névoa que nos envolve e entorpece os dias.
“Eu não queria que ele me conhecesse. Eu não queria que ninguém me conhecesse.”
Não pensem que é “só” uma história de aceitação da homossexualidade, pelo menos eu não a vejo assim. É “só” uma história de largar as rédeas quando temos medo.
Na minha opinião, é um livro de 5 estrelas. À primeira, no Goodreads, dei 4 porque houve uma altura, um pouco depois de meio, que o livro me estava a cansar, era demasiado, era ver um desastre a acontecer em câmera lenta. Mas depois pensei melhor e acho que tinha que ser assim - o livro é cru, direto e temos que lá estar, a sofrer com o protagonista.
Recomendo muito!
⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
