Opinião: Sarah Waters — The Little Stranger
Sabem que histórias com casas têm o meu coração, portanto tenham isso em conta. The Little Stranger estava na minha estante há bastante tempo — acho que li, algures, que a história era mais ficção histórica do que terror e então foi ficando ali, não esquecido, mas guardado para quando me apetecesse ler ficção história (pouco frequente).
Entretanto, apetecia-me mesmo ler uma história de terror com uma casa e pensei — oh, porque não? Não acho que isto seja ficção história, embora consiga perceber o porquê dessa opinião. The Little Stranger é uma história LENTA, bem lenta. Se estão à espera de estarem sempre coisas a acontecer que vos deixam na ponta do sofá — não é este o livro.
No entanto, não vamos confundir um desenvolvimento lento com aborrecido, porque não é. Eu não conseguia parar de ler. Não porque fosse assustadora, mas porque era interessante, detalhada e intrigante. Porque, também eu, queria conhecer aquela casa e aqueles que lá moravam.
I had an impression of the house being held in some sort of balance.
A descrições da casa são perfeitas e diferentes do habitual, no sentido em que são ambíguas — será que a casa tem mesmo “personalidade”? Nunca fica muito claro, o que contribui para o interesse de que falava ainda agora.
I wanted to possess a piece of it — or rather, as if in the admiration itself, which I suspected a more ordinary child would not have felt, entitled me to it. I was like a man, I suppose, wanting a lock of hair from the head of a girl he had suddenly and blindingly become enamoured of.
A escrita é perfeita, detalhada mas muito equilibrada. Leva-nos pela mão no ritmo que eu prefiro para estas histórias, lento, mas sempre a descer até não sabermos o caminho de volta.
Gostei o suficiente para comprar mais 3 livros dela quando ainda estava bem no início deste. Recomendo para quem procura uma história de terror, mas muito leve, nada propriamente assustador, mas com uma atmosfera inquietante.
⭐️⭐️⭐️⭐️